Será que só a graduação é o suficiente?
Em um passado não muito distante o profissional especialista em determinada área por suas competências técnicas era o que mais se destacava e nem de longe observava-se suas qualidades comportamentais. Hoje o cenário não é o mesmo.
Esses mesmos profissionais que apenas se dedicavam ao conhecimento técnico e/ou acadêmico das funções que exercia estão enfrentando uma nova realidade em que suas habilidades técnicas são sim valorizadas, mas dependem de um bom desempenho das habilidades comportamentais.
Um levantamento da organização Page Personnel apontou que 9 em cada 10 profissionais são contratados pela habilidade técnica e demitidos por falta de habilidades comportamentais.
Veja bem, não estamos dizendo que o conhecimento técnico é irrelevante, os novos tempos exigem que sejamos a soma de diversas competências que se complementam. Que sejamos “isso E aquilo”, não isso OU aquilo. Dessa forma, podemos ganhar novo fôlego no mercado de trabalho e buscar por voos mais altos.
O que são habilidades técnicas?
Icky W. Griffin, autor best-seller e professor da Universidade do Texas define as habilidades técnicas como “aquelas necessárias para executar ou compreender um tipo específico de trabalho realizado numa organização.”
Ou seja, são linhas de conhecimentos específicos que permitem ao profissional executar determinada tarefa. Imagine que em uma indústria há uma vaga para cuidar do estoque, operando uma empilhadeira. Quais habilidades esse profissional precisa ter? No mínimo, o conhecimento técnico de um curso de operador de empilhadeira, para manusear com sabedoria e atenção o equipamento.
O mesmo acontece em todas as demais profissões. Para desenvolver um site, um aplicativo ou algum sistema, o profissional precisará de conhecimentos técnicos em linguagem de programação, por exemplo. Deu pra entender, né?
Resumindo, as habilidades técnicas são todas as aptidões que você pode comprovar que tem por meio de certificados de conclusão de cursos, treinamentos, etc
As principais formas de adquirir competências técnicas são:
O que são habilidades comportamentais?
Do outro lado nós temos as habilidades comportamentais, também conhecidas como soft skills. Apesar de não serem quantificáveis e até certo ponto de mais difícil comprovação, as competências comportamentais interferem diretamente no desempenho do profissional, principalmente no que diz respeito a ambientes colaborativos.
Diferente das habilidades técnicas, as habilidades comportamentais são mais difíceis de comprovar e/ou quantificar. São qualidades que necessitam de tempo, apoio e experiência para adquirir. A criatividade, por exemplo, é uma competência comportamental, mas não se aprende do dia para a noite, entretanto, é possível aprender ferramentas, conceitos e criar hábitos saudáveis e que estimularão o raciocínio criativo.
De acordo com uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial, há 10 habilidades que tendem a ser as mais valorizadas pelos recrutadores nos próximos anos:
- Resolução de problemas complexos
- Pensamento crítico e análise
- Criatividade
- Gestão de pessoas
- Inteligência emocional
- Originalidade e iniciativa
- Orientação para serviços
- Coordenação
- Negociação e persuasão
- Flexibilidade cognitiva
Habilidades como essas são capazes de destacar um profissional no mercado de trabalho, em um mercado onde cada vez mais os gestores analisam a forma como um colaborar reage a determinada situação, sua prontidão para encarar desafios ou como ele se porta diante dos líderes e colegas, por exemplo.
As vantagens do equilíbrio entre competência técnicas e comportamentais Vantagem competitiva
A nova cultura de gestão de pessoas tende a observar diversas características comportamentais para a contratação de um novo funcionário. Mesmo que você não perceba, as entrevistas de emprego estão repletas de questões que visam identificar o comportamento do candidato diante de cenários diferentes. Ainda que de forma indireta, todas as suas respostas dão bases para que o recrutador possa verificar se você é uma pessoa emocionalmente equilibrada, se sabe lidar com pressão, se consegue manter um bom relacionamento interpessoal com os colegas, e muito mais.
Aliado a isso, obviamente o recrutador também fará uma análise curricular, ou seja, verificar quais são de fato as suas experiências profissionais, suas qualificações e nível de instrução. Nessa etapa é onde o entrevistador observa as características técnicas, como cursos, diplomas e mais. Enquanto as perguntas nas entrelinhas, conforme você viu acima, vão analisar as suas habilidades comportamentais.
Por isso, diante de um processo seletivo em que dois candidatos estão disputando uma única vaga, qual você acha que terá mais chances? O que possui penas um bom currículo técnico? Ou o que possui boas experiências técnicas, mas também consegue expor suas qualidades comportamentais? Sem dúvidas o segundo candidato ficará com a vaga.
Adaptação a cultura
O ambiente profissional é um dos locais que mais exige boa postura e conduta moral, não apenas para respeitar códigos de ética empresariais ou afins, mas também para que você possa sofrer menos o impacto de um ambiente que pode ser hostil, por exemplo. Nesses casos, mesmo que o seu currículo seja extremamente relevante, ele não garantirá um comportamento sadio diante de alguns cenários.
Não é raro encontrar situações em que pessoas se sintam desconfortáveis no ambiente de trabalho. Por isso, habilidades comportamentais são fundamentais para um ambiente mais saudável. A inteligência emocional, por exemplo, permitirá que você identifique e aprenda a lidar com o que mais lhe incomoda, ao passo que você também conseguirá identificar emoções nas outras pessoas e contribuir para um relacionamento equilibrado.
Mas não temos somente situações de ambientes negativos, o contrário também pode acontecer e por incrível que pareça, um ambiente descontraído e alegre pode ser um pouco assustador às vezes. Pessoas que migram de um formato tradicional de trabalho para uma startup super diferentona, por exemplo, podem sofrer um pouco no início com a adaptação ao novo ambiente, mais livre, flexível e colaborativo. Pensamento crítico e flexibilidade cognitiva são outros bons exemplos de soft skills que podem ser aplicadas no dia a dia corporativo, facilitando a sua adaptação ao ambiente como um todo.